É fácil em nosso mundo moderno de tecnologia conectar nossas câmeras a um computador e então ver exatamente o que capturamos instantaneamente. Também podemos manipular as imagens digitalmente, e criar efeitos e animações via computador. Mas, claro que nem sempre foi assim, e poucas pessoas hoje em dia tentam a animação artesanal, usando película, projeção traseira, e miniaturas, ao mesmo tempo em que dão vida a um boneco de espuma de borracha. Quadro a quadro.
Ray Harryhausen é o único artista de efeitos especiais que alcançou tamanha fama que se tornou uma figura cult, e a estrela de seus filmes- com seu nome em letras garrafais destacadas nos cartazes e materiais publicitários. A fórmula dos filmes de Ray Harryhausen era simples – a história sendo construída em torno de cada uma das criações que Harryhausen iria desenvolver. Essas eram as únicas considerações reais – qualquer enredo tendia a um minimalismo caricatural e os heróis, heroínas e vilões eram acessórios para a ação de suas criaturas fantásticas. E a mágica estava feita!
Raymond Frederick Harryhausen nasceu em 29 de junho de 1920, em Los Angeles, Califórnia. Seus pais, Martha e Fred Harryhausen, nutriram as paixões de Ray e frequentemente o levavam em passeios de um dia para museus, cinemas e para ver o mar.
O menino RayEm 1925, os pais de Ray o levaram para ver o filme "The Lost World". A animação em stop motion de dinossauros lutando e ganhando vida na tela deixaria uma impressão duradoura nele. Seus pais o ajudariam a exercitar sua imaginação alimentando seu interesse em dinossauros, levando-o ao Museu do Condado de Los Angeles (Museu de História Natural como é conhecido hoje) e ao La Brea Tar Pits, para ver os ossos dos gigantes do passado. Em 1933, Ray assistiu o "King Kong original" no Grauman's Chinese Theater em Hollywood, Califórnia. A mágica do artista de efeitos especiais Willis O'Brien mudaria para sempre a vida do jovem Harryhausen. Ele ficou muito curioso pra saber como que aquilo que ele tinha visto na tela era realmente feito. Mas naquela época quase não havia informações sobre a técnica de stop motion, e quase ninguém sabia quem era O'Brien.
Ele fez algumas pesquisas sobre como King Kong foi feito e encontrou artigos sobre o método de animação stop motion em algumas revistas, além de visitar uma exposição sobre os filmes no Museu do Condado de Los Angeles . Isso o inspirou a começar a fazer dioramas e modelos em miniatura. Eventualmente, Ray Harryhausen começou a experimentar com stop motion animando dinossauros com uma câmera Victor de 16 mm. Esses primeiros bonecos eram um brontosuarus, um estegossauro e um urso das cavernas. Suas armaduras eram feitas de madeira, mas não eram estáveis o suficiente para animação realista e a câmera não tinha a capacidade adequada de quadro único para filmar um quadro de cada vez. Mas isso não impediu Ray de se aventurar mais em suas experimentações. Ele finalmente montou uma oficina/estúdio na garagem de seus pais, comprou luzes e uma câmera Kodak Cine II que possuía o recurso de quadro a quadro.
No final da década de 1930, Ray se juntou a um clube de ficção científica e fez dois grandes amigos : Forrest J. Ackerman (1916-2008), que mais tarde se tornou o criador e editor da lendária revista Famous Monsters of Filmland Magazine, e Ray Bradbury (1920-2012), que se tornaria um dos maiores escritores de ficção científica de todos os tempos. O amor mútuo por todas as coisas de ficção científica e fantasia os uniria em uma amizade para a vida toda.
Ray logo conheceria Willis O'Brien depois que um colega de classe o encorajou a procurar 'Obie' em seu estúdio. Um jovem Ray Harryhausen levou consigo uma mala cheia de modelos para mostrar seu trabalho e obter alguma orientação do mestre da animação em stop motion. O'Brien disse a Ray que ele deveria estudar mais sobre anatomia e refinar suas habilidades em arte. Ele iria estudar no Los Angeles City College (LACC) e, mais tarde, estudaria cinema em aulas noturnas na University of Southern California (USC).
Em 1938, Harryhausen recebeu seu primeiro trabalho profissional na série infantil "Puppetoons" de George Pal. Essa experiência marcaria uma virada para o jovem Ray Harryhausen. Ele trabalharia longas horas usando o método de 'animação de substituição', onde os bonecos são estáticos e para cada movimento havia um boneco diferente, então ele substituiria o boneco por um idêntico em uma nova pose.
Embora Harryhausen tenha aprendido muito sobre fotografia e adquirido experiência prática, ele achou o tipo de animação de Pal muito limitada. Então, depois de dois anos, Ray deixaria os "Puppetoons" e iria se juntar ao Exército que estava se preparando para a guerra após o ataque a Pearl Harbor.
Antes de ingressar no Exército, Ray estudou fotografia de combate em aulas patrocinadas pela Eastman Kodak e, mais tarde, fez um curta-metragem intitulado "How to Bridge a Gorge" para demonstrar a utilidade do uso de animação para treinar tropas.
Em 1942, Ray se alistou oficialmente no Exército, onde serviu na Divisão de Serviços Especiais. Quando a guerra acabou em 1945, Ray voltou para casa e decidiu usar os mil pés de filme Kodachrome 16mm ultrapassado que ele adquiriu da Marinha para fazer uma série de curtas em animação baseados em contos de fadas. Durante esse período, Ray também trabalhou em um punhado de comerciais. Finalmente, Ray foi contratado por seu 'mestre' Willis O'Brien para trabalhar no longa-metragem "Mighty Joe Young" (Monstro de um Mundo Perdido, 1949) de Ernest B. Shoedsack, e grande parte da equipe de "King Kong".
Embora inicialmente ele tivesse que fazer o que lhe pedissem, seu trabalho como animador provaria ser uma parte vital da produção e ajudaria a dar ao gorila animado, Joe, as características humanas necessárias que tornaram o filme lendário.
Ray frequentemente representava o movimento do Poderoso Joe e então transferia suas ideias diretamente para o gorila. Essa técnica provou fazer do gorila gigante um 'astro'. Muitos comentaram que Mighty Joe Young era um reflexo direto do jovem talentoso e 'good guy' Harryhausen.
Após concluir seu trabalho em "Mighty Joe Young" em 1949, Ray passou seis meses desenvolvendo um filme que não conseguiu fazer, então retornou à sua oficina para mergulhar novamente em seus contos de fadas. Após a conclusão de 3 curtas , Harryhausen recebeu a oportunidade de criar os efeitos visuais para o filme de ficção científica, "The Beast from 20,000 Fathoms" ( O Monstro do Mar, 1953) de Eugène Lourié, baseado em um conto ("The Fog Horn", 1951) do seu amigo e 'xará' Ray Bradbury...
Isso seria o início de sua técnica de matte de tela dividida, mais tarde chamada 'Dynamation'. Embora matting e composição de cenas fossem feitos há muitos anos, Ray Harryhausen refinou as técnicas antigas e as tornou mais acessíveis para a produção de filmes de baixo orçamento.
Como o 'back projection', as placas foscas e os cenários precisavam ficar separados uns dos outros para obter uma aparência realista, Ray foi forçado a sair de sua oficina caseira e alugar uma loja em Culver City, Califórnia, que era grande o suficiente para acomodar sua técnica.
Ele completaria a animação após cinco meses e investiria parte de seu próprio dinheiro para completar as tomadas de efeitos.
Ele fez um trabalho tão bom que os produtores decidiram dar a Ray um bônus por concluir o trabalho quando venderam o filme para a Warner Brothers, cuja campanha de marketing fez do filme o segundo maior sucesso do estúdio em 1953, depois de "House of Wax" (Museu de Cera) .
https://www.youtube.com/watch?v=Nin4Q4vOxUM
'Esqueleto', armadura interna de um dos 3 ciclopes de Harryhausen fabricados para Sinbad.
CONTINUA...
FONTES:
- Arquivos do autor
WEB:
- IMDB
- Wikipédia - https://en.wikipedia.org/wiki/Ray_Harryhausen
- Stop Motion Magazine - https://stopmotionmagazine.com/ray-harryhausen/
- Moria Reviews-
https://stopmotionmagazine.com/ray-harryhausen/
- It Came From... -
- Facebook- https://www.facebook.com/RayHarryhausen
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